quarta-feira, setembro 05, 2007

REFLEXÕES SOBRE A CELEBRIDADE

Em 1915 , um rapaz desconhecido ou quase desconhecido, Fernando Pessoa, ainda na casa dos 20 anos, com a plena consciência do seu génio, tinha já experimentado, sofrido - e vencido ! - a tentação de uma celebridade facilmente ao seu alcance, mas sentida como grosseria, fraqueza, diminuição.E que em dois ou três anos de actividade literária , ainda sem um livro publicado, tinha já estado à beira da fama, mas atingindo muito depressa a maturidade que em geral só é dada por uma vida longa e rica, a tinha recusado em nome de valores mais altos.


+++REFLEXÕES SOBRE A CELEBRIDADE+++


"Às vezes, quando penso nos homens célebres , sinto por eles toda a tristeza da celebridade.A celebridade é um plebeísmo.Por isso deve ferir uma alma delicada.È um plebeísmo porque estar em evidência, ser olhado por todos ,inflige a uma criatura delicada uma sensação de parentesco exterior com as criaturas que armam escândalo pelas ruas , que gesticulam e falam alto nas praças.E ainda : além de plebeísmo a celebridade é uma contradição.Parecendo que dá valor e força às criaturas , apenas as desvaloriza e enfraquece.Um homem de génio desconhecido pode gozar a volúpia suave do contraste entre a sua obscuridade e o seu génio ; e pode , pensando que seria célebre se o quisesse,medir o seu valor com a sua melhor medida ,que é
ELE PRÓPRIO. "
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(FERNANDO PESSOA, "Páginas Íntimas e de Auto-Interpretação" , Ed.Ática, Lisboa, 1966 , pp. 66 a 68 )



NOTA DA AUTORA DO BLOG :
ANÁLISE DE GÉNIO, A QUAL HUMILDEMENTE SUBSCREVO !
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DEDICANDO ESTE POST ( NÃO "MORTEM " , MAS BEM VIVO ) AOS
POETAS DA ALMA !!!

1 comentário:

Armindo de Vasconcelos disse...

É na música de fundo que purifico os ouvidos da alma. E do corpo!

É na celebridade que me escondo, humílimo e reverente, que "a humildade é o pior dos orgulhos" nas palavras de La Rochefoucauld.

É na morfologia das conjunções que produzo a sintaxe das emoções. Essas, mesmo!

E essa conjunção de Vénus e Marte, essa dualidade madura e profícua, apraz-me. Metafisicamente, sou essa conjunção. Materialmente, Vénus e Marte são a jogo perfeito. Um jogo sedutor de enriquecimento em que damos um pedaço de Marte e recebemos um naco de Vénus. E, pedaço a pedaço, construímos um todo. Universal, mas também assassino de algumas rotinas.

É bom sentirmos a confluência no momento certo! Mas sabemos qual o momento? Penso que esses momentos existem, apenas precisamos de estar atentos!

Se Vós, Senhoa Minha, entendeis que o momento é de confluência, sorrio! E entro no pedaço de Vénus ao som da nostalgia feita rádio. Acaricio os seus lábios de pecado, seduzo o seu espaço maternal e recolho-me numa posição fetal de mimo e silêncio.

É bom estar assim, poisado abaixo do coração, sentindo-o bater descompassadamente. Eu que sou de descompassos à procura da catarse que se constrói em momentos de paz, a paz que atropelamos quando os sentidos despertam e a metafísica se derrete na ponta dos dedos.

A Galáxia parou, eu sei!
Há palavras subversivas no ar.

... simplesmente, POETA DA ALMA